segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Porque sou, definitivamente, PIPOCA ( ! )


“ Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a sermilho para sempre. Assim acontece com a gente.As grandes transformações acontecem quandopassamos pelo fogo.Quem não passa pelo fogo, fica do mesmo jeito a vidainteira. São pessoas de uma mesmice e uma durezaassombrosa. Só que elas não percebem e acham que seujeito de ser é o melhor jeito de ser. Mas, de repente, vem o fogo.O fogo é quando a vida nos lança numa situação quenunca imaginamos: a dor. Pode ser fogo de fora: perder um amor, perder um filho, o pai, a mãe, perder o emprego ou ficar pobre.
Pode ser fogo de dentro: pânico, medo, ansiedade,depressão ou sofrimento, cujas causas ignoramos.Há sempre o recurso do remédio: apagar o fogo!Sem fogo o sofrimento diminui. Com isso, apossibilidade da grande transformação também. Imagino que a pobre pipoca, fechada dentro da panela,lá dentro cada vez mais quente, pensa que sua horachegou: vai morrer. Dentro de sua casca dura, fechadaem si mesma, ela não pode imaginar um destinodiferente para si. Não pode imaginar a transformaçãoque está sendo preparada para ela.
A pipoca não imagina aquilo de que ela é capaz. Aí, sem aviso prévio, pelo poder do fogo a grande transformaçãoacontece: BUUUM!

E ela aparece como uma outra coisa completamente diferente, algo que ela mesma nunca havia sonhado. Bom, mas ainda temos o piruá, que é o milho de pipocaque se recusa a estourar. São como aquelas pessoas que, por mais que o fogo esquente, se recusam a mudar.Elas acham que não pode existir coisa mais maravilhosado que o jeito delas serem.A presunção e o medo são a dura casca do milhoque não estoura. No entanto, o destino delas é triste, já que ficarão duras a vida inteira. Não vão setransformar na flor branca, macia e nutritiva. Não vão dar alegria para ninguém. ”
(Pipocas da Vida - Rubem Alves)

Ei, e vc aí? É pipoca ou piruá?
Bjuuuuus :***

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