Os dias de S sempre começam ao som do irritante despertador.
Se espreguiça na cama, olha pro lençol e pensa: "Tá precisando de uma lavadinha. Talvez na próxima semana eu encontre um tempinho para isto."
O lençol de S mais parece o Santo Sudário (lenço que, possivelmente, guarde as marcas seculares do corpo d Jesus Cristo). Ao forrar a cama, lá está a silhueta encolhida, disforme e amarelada do seu corpo.
Ele segue ao banheiro. Urina. Balança. Diferente da maioria, não adentra no box para tomar a ducha. Pra quê? Já tomou banho ontem antes de ir ao trabalho. Nada melhor que um bom perfume e um gelzinho no cabelo.
Vai à cozinha. A pia está tomada de pratos, panelas impregnadas d gordura e restos de comida. No canto da prateleira, uma fruteira com duas laranjas podres e uma goiaba prestes a explodir de tanto tapuru.
Lava apenas alguns talheres e a xícara q vai usar para tomar o café da manhã. Senta a mesa e come. Espana as mãos e rotorna ao quarto.
Em frente ao espelho ele fica olhando, por alguns segundos, sua imagem refletida. Precisa apressar-se! Sente um cheiro estranho pelo seu corpo. Começa a examinar-se. Ao levantar um dos braços logo descobre a procedência. Irrita-se ao lembrar da propaganda do desodorante aerosol que comprara. Promessa de 24h sem transpiração. Pura balela.
Aciona a válvula e deixa que aquela nuvem d cheiro tome conta dos seus sovacos e do restante do corpo.
Agora é hora vestir a roupa...
Nenhum comentário:
Postar um comentário